Foi publicada, na última segunda-feira (26), a quarta Balança Comercial Preliminar Parcial de Junho de 2023, que revelou um aumento no superávit da balança comercial brasileira desde janeiro até agora, apesar da diminuição no total de exportações. Os dados do relatório permitem análises comparativas em relação ao ano anterior e fornecem informações valiosas sobre o comportamento dos setores na atividade comercial externa do país.
Comparando os valores do relatório com os dados do ComexStat de 2022, é possível obter as variações percentuais de 2023 em relação a 2022. O superávit na balança comercial foi de US$ 8,1 bilhões em junho deste ano, o que representa uma queda de 8,9% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. As importações totalizaram US$ 15,4 bilhões, resultando em uma redução de 35,6% em relação a junho de 2022. As exportações também tiveram um valor total de US$ 23,5 bilhões, o que representa uma redução de 28,13% em relação ao ano anterior. O superávit, portanto, se deve à redução das importações em um ritmo mais acelerado do que o das exportações.
O desempenho de janeiro até junho de 2023 também teve mudanças significativas em comparação com o mesmo período em 2022. O saldo da balança comercial aumentou em 25,0%, o que significa um crescimento de US$ 43,0 bilhões, enquanto as importações diminuíram em US$ 13,2 bilhões (10,17% em relação ao ano passado) e as exportações caíram 2,6% (totalizando US$ 159,5 bilhões).
Ao analisar o desempenho setorial das exportações, o relatório mostra que, no setor Agropecuário, houve um crescimento de 13% em junho. Por outro lado, houve uma queda de 23,1% no setor de Indústria Extrativa e uma queda de 7,6% na Indústria de Transformação.
A contração das exportações totais foi impulsionada pela queda nas vendas de produtos específicos. No setor Agropecuário, essa queda foi liderada pela redução de 28,2% nas exportações de milho não moído (exceto milho doce). Na Indústria Extrativa, as principais razões estão na diminuição de 40,8% nas transações de minerais brutos. Por fim, na Indústria de Transformação, a redução de 52,4% nas exportações de gorduras e óleos vegetais, produtos com maior queda, foi o principal motivo.
No final do mês, apesar da redução nas exportações, alguns setores apresentaram crescimento expressivo nas vendas para o mercado externo. Na Agropecuária, os principais destaques foram no setor de arroz em estágio bruto, com um crescimento de 372,9%. Na Indústria Extrativa, o destaque foi para minérios de metais preciosos e seus concentrados, que tiveram um aumento de 17.067,3% nas exportações. Por fim, na Indústria de Transformação, o maior crescimento registrado, de 4.555,4%, foi em plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes.
Até que ponto essa composição é homogênea em relação às observações recentes da pauta de exportação brasileira? A visualização gráfica da distribuição da pauta exportadora nacional abaixo pode nos ajudar a responder a essa pergunta.
O setor de produtos minerais apresenta um notável crescimento, como evidenciado pelo gráfico acima, que o destaca como o mais proeminente nas exportações brasileiras. O crescimento significativo da agropecuária (embora moderado em comparação ao setor de produtos minerais) também é corroborado pela visualização, já que os produtos vegetais e alimentos ocupam posições privilegiadas no gráfico. No entanto, o setor de transportes, que engloba embarcações e outras plataformas flutuantes, teve um crescimento comparável ao dos minerais, porém aparece ligeiramente atrás dos demais no gráfico. Isso pode ser uma possível evidência de que essa performance difere da média observada ao longo do histórico de exportações desse segmento de produtos. Portanto, caso esse crescimento seja mantido ao longo do tempo, a participação desse tipo de produto (com uma complexidade consideravelmente maior em relação aos produtos mais representativos na matriz exportadora do país) na planta produtiva nacional pode ser o início de uma mudança nas dinâmicas econômicas no Brasil, incluindo emprego, habilidades, integração regional e abertura de oportunidades para a produção de outros produtos mais complexos.