A literatura recente sobre complexidade econômica destaca a relação
positiva entre níveis de renda e de complexidade econômica, sendo esse um
importante propulsor do desenvolvimento, capaz de gerar tendências virtuosas às
economias. A nota técnica Complexidade eemprego no Brasil entre 2006-2020: Evidência da regressão produtiva, divulgada
em 2022 por pesquisadores do Cedeplar, traz para essa discussão dados empíricos
que mostram, nesse período, a complexidade dos empregos no país.
O estudo demonstra que houve forte crescimento do emprego
formal no Brasil entre 2004 e 2016. No ano inicial da análise, havia 34,5
milhões de empregos formais no país, passando para 46,2 milhões em 2020; esse,
entretanto, não é o ano de maior número para essa modalidade de emprego: em
2014, foi atingida a marca de 49,6 milhões. A perda de quase 3,3 milhões de
empregos formais, no entanto, não se deve estritamente aos impactos da pandemia
de COVID-19: é mostrado que, ao final de
2020, o nível de emprego formal coincidira com seu patamar ao ano anterior.
Com relação aos dados de complexidade do emprego, a participação
de ocupações em setores de média e alta complexidades também experimentou
elevação: de 26,4% e 20,9% e 29,7 e 21,5%, respectivamente, apresentando certa
estabilidade a partir de 2014. Todavia, o emprego de baixa complexidade também
ganhou peso absoluto no mesmo período: uma variação positiva de 21,9%. Ademais,
a análise dos dados mostra, também, maior sensibilidade dos empregos de alta e
média complexidade – em relação aos de baixa – à transição de ciclos na
economia: na recessão, houve destruição de 8,3%, 7,6%, 6,3% dos empregos,
respectivamente, para cada um dos níveis de complexidade.
Sobre os setores de produção de bens de média e alta
complexidade, o cenário é preocupante, com queda de 11,4% para 9% entre 2016 e
2020, com algum crescimento absoluto em 2013 em relação a 2006 (de 3,92 milhões
de empregos para 5,04 milhões). A partir desse ponto, entretanto, a tendência
de queda é paulatina, com o nível chegando, em 2020, ao mesmo ponto de 2007:
4,15 milhões.
Com relação a aspectos de distribuição regional de emprego
por nível de complexidade, o crescimento geral do emprego (reunindo os três
níveis de complexidade) foi mais contundente nos estados do Norte, Centro-Oeste
e Nordeste entre 2006 e 2020. A partir de 2014, entretanto, tal destaque se restringe
ao Centro-Oeste e ao Sul. Mesmo com essas movimentações, São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais ainda abrangem as maiores concentrações de empregos de
média e alta complexidade.
Os resultados da nota técnica podem ser respaldados por visualizações gráficas disponíveis no DataViva. Por exemplo: a consideração final de que o setor de serviços é o que comporta mais empregos de baixa complexidade no país. Conforme mostra a visualização abaixo, extraída da plataforma, o setor de serviços é o principal empregador no país:
Além dela, é possível visualizar o ranking dos setoresque mobilizam maior renda, que é fortemente constituído por setores de baixa complexidade.