O Rio Grande do Sul, o terceiro estado mais complexo do Brasil, destaca-se por seu nível de desenvolvimento acima da média nacional. Mas o que impulsiona essa condição? Vamos mergulhar na estrutura produtiva que sustenta essas características.
Com uma renda per capita de R$41,2 mil em 2020, o Rio Grande do Sul supera a média nacional em 15%. No segundo trimestre de 2023, a taxa de desemprego no estado era de 5,3%, enquanto no país como um todo era de 8,0%.
A distribuição de empregos por atividade econômica no Rio Grande do Sul se caracteriza por uma proporção maior na seção de indústrias de transformação: 22% dos empregos formais do estado pertencem a essa seção, face à média nacional de 15%. Também é interessante notar que a administração pública representa 15% dos empregos, proporção que, embora aparentemente considerável, destoa dos 35% no Amazonas. Isso reflete uma tendência: estados mais desenvolvidos têm uma estrutura econômica mais diversificada e menor concentração na administração pública.
O Treemap de empregos e o de massa salarial, evidenciam grandes discrepâncias salariais entre setores (para alterar a visualização do treemap, basta selecionar "Renda Mensal Total" no gráfico acima). Os serviços financeiros têm 3,8% da massa salarial com apenas 1,4% dos empregos. Já o comércio varejista, 15,2% dos empregos, mas apenas 9,7% da massa salarial.
O panorama das atividades no RS destaca uma considerável especialização industrial. Das 217 classes de atividades na indústria de transformação, o RS possui vantagem comparativa em 106, consolidando sua posição como um centro industrial no cenário brasileiro.
Apesar da forte presença industrial, a pauta exportadora do RS não reflete totalmente essa realidade. As exportações gaúchas assemelham-se à especialização nacional na comercialização de bens primários, apresentando uma faceta diferente da estrutura econômica interna.
A soja, associada principalmente aos estados do Centro-Oeste, desempenha um papel relevante no RS. Em 2020, o estado contribuiu com 10% do valor exportado do produto, gerando 7% dos empregos em 2021.
Ao observar os gráficos anteriores, percebe-se que, apesar de um volume de exportação de US$2,97 bilhões em 2020, apenas 11,8 mil empregos estavam relacionados ao cultivo de soja em 2021, com uma massa salarial total de R$26,9 milhões e salário médio de R$2.280.
Seguindo a tendência do perfil comercial brasileiro, a produção de soja impulsionou a ascensão das exportações desde 2006, revelando uma dependência significativa desse produto. Quedas em sua comercialização resultam em reduções expressivas nas exportações totais, conforme evidenciado no gráfico abaixo, em que "produtos de origem vegetal" referem-se, principalmente, a exportações de soja.
A despeito do grande peso da soja em sua pauta exportadora, a estrutura produtiva do RS ainda se mostra diversificada quando comparada às de outros estados. No gráfico abaixo, estão coloridos todos os círculos que indicam produtos nos quais o RS possui vantagem comparativa perante as demais unidades federativas.
A elevada participação da soja na pauta exportadora do RS - produto direcionado, em sua maior parte, à China - ofusca o percentual das exportações gaúchas que é direcionado a países vizinhos.
No entanto, em termos de volume total de exportações, o RS se configura como uma das unidades federativas que mais exportam para países da América do Sul, em especial para a Argentina.
No que tange às importações, a Argentina possui uma expressividade muito maior que aquela da pauta exportadora do RS. Para visualizar tal fato, basta alterar a configuração do treemap acima, selecionando "Importações".
Em resumo, o Rio Grande do Sul apresenta uma estrutura produtiva mais sofisticada que a média nacional, muito embora também dependa da exportações de produtos primários, em especial, de soja. Essa configuração se reflete no grande peso da China dentre os principais destinos das exportações do estado, ofuscando importância dessa UF nas relações comerciais dentro da América do Sul.