Na nota técnica intitulada "Uma análise regionalizadada dos desembolsos do BNDES por nível de complexidade das atividades e regiões", elaborada pelo Cedeplar, é possível entender a dinâmica dos investimentos do BNDES, levando em consideração a complexidade das atividades e as características regionais. Essa análise examina os programas implementados no país para impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico, incluindo a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), lançada em 2004, a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) de 2008, o Plano Brasil Maior (PMB) entre 2011 e 2014, bem como os anos subsequentes a esse último programa.
Inicialmente, o texto explora os
desembolsos por estados brasileiros e observa-se uma tendência constante de
redução no financiamento de atividades mais complexas em comparação com o
padrão da estrutura produtiva dos estados ao longo do período. Essa análise
revela que o financiamento em estados mais complexos tinha como principal
objetivo em grande parte preservar a estrutura produtiva existente. Já os
desembolsos nos estados de baixa e média complexidade foram direcionados para
atividades que possuem um grau de complexidade maior em relação às suas
estruturas produtivas. Os Espaços de Atividades a seguir fornecem uma
compreensão mais clara das diferenças de especialização produtiva dos estados
de São Paulo e do Pará:
Analisando mais detalhadamente os programas, notou-se que o PITCE teve um desembolso mais significativo em atividades de alta complexidade em estados menos complexos. Isso demonstra que essa política teve uma preocupação maior com a redução das desigualdades regionais do que as outras políticas industriais. Ao examinar o PDP (Programa de Desenvolvimento Produtivo), destaca-se o estado de Pernambuco, que registrou um aumento significativo no recebimento de recursos destinados a setores de alta complexidade. Enquanto na PITCE essa participação era de apenas 2,9%, no PDP esse número saltou para 81%. A atividade principal financiada no estado, em todos os programas, foi a fabricação de produtos provenientes do refino de petróleo. Esse investimento está associado a um aumento nas exportações do estado , conforme evidenciado no gráfico abaixo:
No entanto, nos últimos anos, o financiamento
fornecido pelo banco adotou uma abordagem mais conservadora. Apenas 29% das
regiões intermediárias receberam mais de 50% dos desembolsos para atividades
com complexidade maior do que a região, no período pós-PMB, em comparação com
os 65% observados no PITCE. Além disso, houve uma redução nos recursos
destinados a atividades sem vantagem comparativa e com complexidade acima da
média da região, representando apenas 11% após o PMB. Nesse contexto, a
nota técnica torna-se de extrema importância para aprimorar as políticas de
desenvolvimento produtivo e regional do país. Isso permitirá potencializar os
investimentos e promover o aumento da complexidade das atividades produtivas
nas regiões.