As Olimpíadas são a pauta do mês de agosto em todo o mundo. O maior evento esportivo do planeta trouxe ao Brasil mais de 11 mil atletas de 208 países. O Brasil foi representado por 465 atletas nas 39 modalidades esportivas, em 226 provas.
O evento, por sua grandeza e pela exposição na mídia nacional e internacional, sempre nos leva a refletir sobre a realidade do esporte no país: em relação à infraestrutura para treinamento, aos patrocínios e a incentivos públicos e privados para fomento do esporte; e em relação às condições dos atletas profissionais brasileiros.
Atualmente (dados de 2014), há no Brasil 8368 atletas profissionais empregados formalmente, com uma renda média mensal de R$ 4 mil por mês, e uma massa salarial de R$ 33,8 milhões por mês. O estado que emprega o maior número de atletas é São Paulo (2,63 mil), seguido por Rio de Janeiro (1,28 mil), Minas Gerais (813), Rio Grande do Sul (679) e Paraná (633). Em relação ao número de estabelecimentos que empregam atletas profissionais, São Paulo lidera com 360, à frente de Minas Gerais (118), Rio de Janeiro (117) e Pernambuco (67). Não obstante, o Paraná é o estado que, em média, melhor remunera os atletas, seguido por Rio Grande do Sul e Minas Gerais, conforme dados apresentados na tabela abaixo.
Se consideramos que os jogadores de futebol que atuam na série A e B do campeonato brasileiro são atletas bem sucedidos e que são 20 clubes por série, com uma média de 30 jogadores por clube, temos 1200 atletas do futebol bem sucedidos na carreira. De acordo com estimativa do IBGE, em 2014, haviam em torno de 27 milhões de homens entre os 18 e 35 anos no Brasil (faixa etária da grande maioria dos jogadores profissionais). Isso significa que, para cada 100 mil brasileiros, quatro são profissionais bem sucedidos do futebol. Não é pra qualquer um!
Não há dúvida de que a Olímpiada vai deixar um grande legado esportivo para o Brasil. Os jogos funcionam como agente motivador para novas gerações praticarem esportes, e também deixam a infraestrutura física na cidade do Rio de Janeiro, que, se bem aproveitada, pode se tornar um grande polo de atração de eventos esportivos nacionais e internacionais. No entanto, é preciso melhorar a estrutura de incentivos para formar novos atletas profissionais, visto que para se ter um bom salário na carreira, nas condições atuais, é preciso ser um astro do esporte ou um jogador de futebol mediano. Nesse caso, creio que poucos vão ser aventurar no desafio.
*Marcelo Borges é formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestre em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco.